Adaptar-se, se reinventar, sem abrir mão dos valores pessoais e propósitos, são as chaves para perseguir seus sonhos profissionais

O mundo mudou. Não sabemos claramente como será o futuro. As respostas para todos os desafios ainda não temos, mas existe uma certeza: temos a sorte de sermos sempre capazes de nos transformar, nos adaptar e de continuar nos reinventando. Refletindo sobre tudo que vem acontecendo, olho para trás e percebo também as transformações pelas quais passei para chegar onde estou hoje e o que foi necessário para alcançar meus objetivos e liderar hoje o time da Intel, uma gigante da tecnologia, no Brasil.

Iniciei a minha carreira na Argentina muito jovem, ainda estudante numa função mais operacional, e tive a oportunidade de desempenhar diversos trabalhos em diferentes países, com passagem também pelo México, interagindo com várias culturas. Essa vivência global foi fundamental para que eu conseguisse avançar na carreira e conquistar um lugar no mercado ainda tão restrito da tecnologia – as mulheres ainda são apenas 17% dos que estudam nas áreas do STEM, sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática; e, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), somente 14% dos CEOs das grandes empresas são mulheres.

Alguns pontos foram fundamentais para que minha carreira se desenvolvesse: curiosidade, novos aprendizados e buscar sair da zona de conforto. Ser curiosa e buscar o aprendizado contínuo foram grandes diferenciais na minha vida. Principalmente, entendendo que nunca sabemos de tudo e nunca vamos saber. Também sempre busquei novos desafios, e essa vontade, aliada à curiosidade, me levou muitas vezes a oportunidades diferentes e que não estavam no planejamento. Falando de planos, acredito ser fundamental ter seu próprio plano tanto de carreira quanto pessoal. Mas é necessário balancear e saber também lidar com adversidades e abraçar o novo.

No começo da minha carreira, não planejava ficar mais de 20 anos na mesma empresa. Hoje não é tão comum ver pessoas ficando tantos anos na mesma empresa, mas ao longo da minha história, acredito que a Intel e eu estivemos alinhadas em muitos momentos e por isso sempre escolhi ficar. E essa parte é importante: os valores da empresa precisam convergir com os seus valores pessoais, e no meu caso, isso foi imprescindível para eu escolher sempre ficar. Essa forte identificação foi uma força motriz também na minha carreira e impulsionou muitos dos movimentos que fiz ao longo da minha trajetória na Intel. Quando o que você fez está alinhado com seus propósitos, o trabalho flui e você consegue dar o seu melhor.

Por isso, é importante estar sempre disponível para as oportunidades e de olho nas novidades. Entender o seu objetivo pessoal e profissional, e revisitar isso de tempos em tempos para conferir se você está no que acha ser o melhor caminho para você. Vai além de certo e errado: é o que é adequado ao que você busca. 

 

Liderança

Em novembro do ano passado, fui nomeada Diretora Geral da Intel no Brasil. Ser pioneira é uma honra, mas também uma grande responsabilidade. Não só pelos objetivos de negócio no país, que é um dos principais mercados para a Intel no mundo, mas também porque quero deixar um legado e conseguir inspirar outras pessoas, incluindo as mulheres, a perseguir seus sonhos, e, quem tiver essa ambição, a se tornarem líderes. Não só aqui, mas em suas empresas, qualquer que seja o segmento. 

Muitas pessoas foram fundamentais na minha jornada. Não cheguei aqui sozinha, precisei criar uma rede forte (externa e interna) e contar com uma rede de apoio que foi crucial para o meu desenvolvimento – e acredito que com todo mundo seja assim. Você precisa se conectar com os outros, se comunicar, ser vocal. As pessoas não poderiam adivinhar que um dia eu gostaria de estar no cargo que estou, era preciso que eu falasse e deixasse isso claro. E aqui também foi fundamental ter mentores e sponsors dentro e fora da Intel, que muitas vezes me guiaram e acreditaram em mim, mesmo quando eu não estava acreditando tanto. Reforço a importância do network: crie e mantenha sua rede.

Ao longo desses anos, também foi muito importante o “saber ouvir”. Essa habilidade é crucial e, às vezes, na correria do dia a dia, esquecemos de fazer. E ouvir não é aceitar tudo que nos dizem, é também questionar, refletir e saber a hora de colocar a nossa voz e nos projetar. O escutar é fundamental para construirmos boas relações: seja na família, na escola, no trabalho, na sociedade, saber ouvir é imprescindível, evita muitos conflitos. Ouvir é muito mais do que perceber as palavras, é ter a curiosidade e intenção de entender, conhecer o contexto do outro.

Falo isso também por experiência própria. Vejo que a primeira década que trabalhei foi mais desafiadora que a segunda em vários aspectos, o mundo era outro. Hoje, falamos muito das Soft Skills, que são um conjunto de habilidades comportamentais e não técnicas que devemos desenvolver. Listo algumas que me auxiliaram muito ao longo desses anos: use a sua voz & comunique-se, tenha coragem, seja resiliente e continue aprendendo!

  • Uma voz consistente cria oportunidades inesperadas. Por exemplo, alguém ouviu você falar em uma reunião e descobriu que sua opinião é valiosa o suficiente para ser compartilhada com a liderança da sua empresa. Já vi isso acontecer muitas vezes. Uma voz consistente permite que seu talento seja descoberto e cria oportunidades nunca antes vistas
  • Falando em oportunidades inesperadas, comentei da importância do planejamento de carreira. Mas não fique engessada. Esteja pronta para o desconhecido: para crescer, precisamos sair da zona de conforto. Mesmo quando não nos sentimos 100% preparadas, acredito que desafios são importantes para nos mover. Por isso, coragem é uma habilidade fundamental. Uma frase da Sheryl Sandberg, COO (Chief Operating Officer) do Facebook, se encaixa perfeitamente aqui: “Precisamos parar de pensar que não estamos prontas, e começar a pensar que vamos realizar e aprender enquanto fazemos!”
  • Ser resiliente é um termo em alta nos últimos meses. Está associado à capacidade que temos de lidar com seus próprios desafios e superar momentos difíceis. Isso não significa tolerar o intolerável. Mas sim, saber se adaptar, passar por situações adversas e aprender com esses momentos, cada experiência traz um aprendizado.
  • Precisamos buscar constantemente capacitação e outras formas de aprender. Com esse movimento que estamos vivendo do ponto de vista da transformação digital, serão esperadas cada vez mais mudanças de forma rápida, o que fará com que as pessoas se habituem a uma constante busca de conhecimento e atualizações, que também é conhecido como lifelong learning.

Pensando no que desejo construir não só para a Intel, mas para a sociedade como um todo, já estamos nos planejando para a próxima década e temos os nossos objetivos para 2030. Isso vai além de produtos e inovações tecnológicas. Estamos falando de diversidade, inclusão e o impacto que podemos ter no mundo. Queremos ser a empresa mais inclusiva do setor de tecnologia e, para isso, nosso foco global e local é baseado em quatro temas principais do RISE: Responsabilidade, Inclusão, Sustentabilidade, Possibilidade. Aliado a isso, sou líder do Women at Intel Network (WIN), programa de empoderamento feminino e equidade de gênero da Intel. A inclusão é uma jornada que está longe de acabar, que precisa acelerar, é um movimento e não um momento, mas estamos certos de que o caminho tende a ser cada vez mais justo.

Gostaria de deixar duas mensagens de uma mulher que me inspira e que dispensa apresentações: Michelle Obama. Michelle fala que “fracassar é parte importante do sucesso”. O que isso quer dizer? Que nem sempre vamos acertar, e o fato de tentarmos algo novo e abraçar o incerto pode nos levar a resultados não esperados. E toda vez que você se recupera, você exercita sua resiliência e perseverança. E lembre-se: “o sucesso não tem a ver com seu cargo ou quanto dinheiro você ganha, mas com você estar feliz com o que faz e a diferença que você causa na vida das pessoas”.

 

Gisselle Ruiz Lanza Diretora Geral da Intel Brasil

É Diretora Geral da Intel Brasil e responsável pelas operações da empresa no País. A executiva também é uma das líderes do Women at Intel Network (WIN) programa de empoderamento feminino e equidade de gênero da Intel para Brasil.

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