É senso comum entender a Internet como algo invisível e que está em toda parte, uma espécie de “bolha” que conecta tudo através do ar, satélites ou o-que-quer-que-seja.
Essa sensação talvez não fosse tão forte na época em que era preciso sentar em frente a um computador, esperar vários minutos pela conexão discada e vê-la cair quando alguém ligava para seu número. Mas hoje, com wi-fi grátis em cada esquina nas grandes cidades, cada vez mais gente acessando a rede através de dispositivos móveis e todo esse papo de computação em nuvem, ganha força a ideia da Internet como uma névoa de dados flutuando no espaço.
O funcionamento real da Internet, no entanto, é uma rede de fios gigantescos atravessando oceanos e ligando continentes. Sim, há uma estrutura física robusta por trás dessa coisa mágica que permite manter mais de três bilhões de usuários conectados a uma grande quantidade de dados e informações.
Essa estrutura gigantesca possui uma organização complexa, com várias máquinas executando diferentes papéis no processo. E é parte dessa bagunça organizada que vamos explicar.
Modelo cliente-servidor ou “nem minha mãe teria organizado isso melhor”
Para começar, existem dois tipos de dispositivos conectados: os que guardam informações para o acesso online – os servidores – e os que acessam as informações guardadas – os clientes. É o chamado modelo cliente-servidor, que organiza parte do funcionamento da rede.
Ou seja: informações online não ficam “flutuando no espaço”, mas salvas em um conjunto de máquinas espalhadas ao redor do mundo com algumas configurações especiais, grande capacidade de armazenamento, conectadas e disponíveis 24h por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. Outras máquinas (nossos computadores, celulares e tablets) acessam esses dados através da rede de cabos sobre a qual falamos acima.
Essa organização é essencial. Imagine se os dados do seu perfil no Facebook estivessem salvos no seu notebook e não em um servidor: ninguém conseguiria encontrar o que você postou quando você desligasse o WiFi e só daria para stalkear os outros quando eles estivessem online. O horror!
Seu computador ou “vamos passar um tempinho navegando”
Mas a questão que ainda não quer calar é: como nós, no escondidinho do nosso quarto, conseguimos acessar tantas informações com um clique? Bem, o primeiro passo é ter, num dispositivo, um programa chamado de navegador ou browser. Não importa se é o Google Chrome, o Mozila Firefox ou Internet Explorer, todos eles funcionam da mesma forma: quando você digita o endereço de um site num navegador, ele faz um pedido para o servidor onde esse site está armazenado enviar as informações que estão disponíveis para acesso. Ao receber as respostas, ele traduz os dados em imagens, sons e vídeos. Ou seja, o navegador funciona como um decodificador, transformando códigos em uma linda tela para você. E é quando você aciona esse processo que você está “navegando” (ou “surfando”, para os da velha guarda).
Esse processo, que acontece a taxas de até 7 terabytes por segundo somando todas as requisições ao redor do mundo (UAU!), se dá por uma infinidade de cabos, que funcionam como um sistema de trânsito composto por estradas locais e de longa distância. Quando acessamos um site hospedado em outro país, por exemplo, esta requisição sai do nosso computador, passa por “estradas locais” e “internacionais” até encontrar o local onde estão disponíveis as informações do site que estamos tentando acessar .
Para que ninguém se perca nessa rede gigantesca que atravessa oceanos (poético, não?) e a informação que você pediu apareça na sua tela, cada site e dispositivo conectado recebe um código identificador, um “endereço” mesmo. É o chamado código IP (Internet Protocol), que é único e formado por número e pontos, algo como “192.168.0.1”. Ele é feio e difícil de decorar, mas você pode entrar no site Meu IP para descobrir qual é o endereço da sua máquina.
Internet sem fio ou “a conexão não é tão móvel assim”
Sabemos que vida online se parece cada vez menos com um aparelho plugado em uma tomada. As tecnologias WiFi e 3G (ou 4G, para aparelhos de celular mais recentes) são as maiores indutoras desse pensamento, além de serem as melhores amigas de quem usa a Internet móvel.
No entanto, apesar das aparências de que os cabos não existem nessas tecnologias, eles ainda estão lá, só que escondidos de nós. Ligando qualquer antena de transmissão de 3G ou qualquer ponto de WiFi, existe uma rede de fios conectados àquela estrutura imensa sobre a qual já falamos. Portanto, sim, quando você resolve mandar um Whatsapp no meio do caminho para dizer que está chegando, você ainda está usando a estrutura física da Internet.
A Internet é nossa! ou “isso mesmo, é nossa!”
Esse panorama geral de como a rede mundial funciona torna possível entender como ela consegue ser tão abrangente e tão rica: ninguém é dono da Internet, sua estrutura dificilmente será danificada em larga escala e qualquer um que domine alguns conceitos de programação consegue produzir conteúdo para todo o mundo.
E nós, da Programaria, pretendemos usar a Internet para ajudar você a usar a Internet também.
Caso tenha alguma dúvida, dica ou contribuição a fazer, deixe um comentário ou mande um e-mail para gente 😉
Este post contou com a colaboração e a revisão técnica de Alexandra Silva e Simon Fan e revisão jornalística de Letícia Mori e Raíssa Pascoal
Aimeê Ferreira é ilustradora e designer formada pela FAU-USP. Veja mais de seu trabalho em seu portfólio