Saber usar os dados nos processos decisórios das empresas, ou seja, implementar uma cultura data driven, pode gerar uma vantagem competitiva única; saiba mais 

 

A afirmação “dados são o novo petróleo” nunca esteve tão em destaque quanto no momento atual, pois os dados encontram-se no centro das discussões dos mais diversos ramos. A frase foi citada originalmente por Clive Humby, matemático inglês, cientista de dados e empreendedor do segmento, que é conhecido por seus negócios bem sucedidos. 

Embora a sentença seja muito conhecida, ela carrega um tom abstrato, o que dificulta seu entendimento real e prático, fazendo-se necessário que sejam introduzidos na discussão elementos e exemplos para torná-la mais concreta.

 

Diante disso, por onde começar?

O pontapé inicial pode ser a análise do significado da frase ao fazer a comparação entre petróleo e dados. Ambos são considerados insumos essenciais, porém se distinguem pela sua finitude: o petróleo é finito, enquanto os dados não são. Desta forma, quanto mais a tecnologia avança, mais rápido eles se multiplicam.

Isso fica muito claro com o desenvolvimento tecnológico, especialmente das redes sociais, pois foi nesse contexto que os dados começaram a ter um novo posicionamento, de grande relevância, na vida das empresas e dos indivíduos. Na sequência, muitos negócios ao redor do mundo começaram a adotar a cultura do algoritmo – que provém da análise de dados conjugada com o uso da tecnologia para classificar, nortear e relacionar processos.

Quando se fala em cultura do algoritmo, normalmente se relaciona a utilização de banco de dados para entender o perfil do usuário, seu comportamento online e padrão de consumo, a fim de permitir que companhias direcionem conteúdos publicitários cada vez mais precisos. 

Nessa linha, séries e filmes da plataforma de streaming Netflix apresentam um grande exemplo de sucesso na implementação dessa cultura data driven, ao proporcionar uma experiência direcionada para sua clientela. A Amazon também não fica de fora. A empresa utiliza dados de histórico de compra, itens da cesta, visitas de páginas, entre outros, para gerar o sistema de recomendação o que representa 35% de suas vendas.

Do mesmo modo, grandes redes sociais como Instagram e TikTok desenvolveram seus algoritmos a fim de entregar para o seu público conteúdos de seu nicho de interesse. Assim, conseguem fidelizar clientes fazendo com que passem mais tempo nestas plataformas consumindo conteúdo.

 

Dando mais valor aos dados

Mas a utilização de dados pode ir muito além das questões publicitárias. É no âmbito organizacional das empresas que eles podem ter um valor ainda mais significativo. Afinal, tomar decisões administrativas baseadas em dados  implementar uma cultura data driven traz mais assertividade e, consequentemente, uma vantagem competitiva no mercado.

Isto significa deixar de lado decisões anteriormente tomadas pelo mero achismo para usar e abusar dos dados a fim de pautar ou validar escolhas. Já existem empresas brasileiras que adotam essa cultura data driven, visando entender alguns elementos do seu cotidiano, como eficiência, produtividade e pontos de melhora de seus times.

Nesse movimento, empresas como a Winnin se empoderam de dados para adotar métodos que fogem do tradicional. Um exemplo disso foi a adesão da empresa a uma semana de trabalho de apenas quatro dias.

O processo de adoção desse modelo começou com a educação das pessoas colaboradoras. Elas não tiveram nenhuma redução no salário e foram instigadas a adotar métodos de trabalho mais eficientes: reduzir o tempo das reuniões e descartar aquelas em excesso, reorganizar a agenda, priorizar tarefas de acordo com o objetivo norteador da empresa e aprender com as experiências e os ensinamentos de grandes empresas que já passaram por isso, como é o caso da Microsoft.

O sucesso desse experimento social foi validado pelos dados para ser implementado de forma definitiva. Os resultados foram surpreendentes:

  • Aumento do equilíbrio entre vida pessoal e profissional em 17,33%;
  • Aumento do sentimento de propósito, pertencimento e orgulho em relação à empresa também em 17,33%
  • Aumento da produtividade, qualidade e cumprimento das entregas, prazos e reconhecimento em 5,68%;
  • Aumento do sentimento de confiança, segurança e colaboração em 2,15%;
  •  Aumento da atenção à saúde mental e física, lazer, amigos e família de +41,93% em relação à percepção do time antes do experimento.  

Os dados acima expostos foram resultados da coleta realizada anteriormente e ao longo do período de teste do experimento, por meio de ferramentas que metrificam a eficiência nas entregas, o tempo em reunião e a produtividade das pessoas colaboradoras. 

Os times tiveram que adotar em sua rotina a responsabilidade de coletar esses dados com precisão. Aqui na Winnin, fazemos essa análise através dos dados gerados pelas plataformas de gestão de tarefas, como Monday, Trello e outros. Por meio delas, o time consegue medir quanto tempo cada tarefa fica em cada status e com cada pessoa, e acompanhar e comparar a evolução desse retrato ao longo dos meses. 

Os dados gerados foram usados no final do processo com o intuito de ratificar a implementação deste novo modelo de trabalho. Ainda, percebeu-se um ganho significativo na produtividade, na qualidade de vida e no sentimento de propósito desse time, fatores que contribuem também na retenção de talentos.

 

Colocando exemplos de cultura data driven em prática

A utilização dos dados ainda pode estar no início do processo decisório, como ocorre na hipótese de atacar os pontos de melhoria de cada time. Com isto, conseguimos entender em qual estágio o time sofre maior obstáculo para realização das tarefas e, a partir dessa informação, propor novos fluxos ou um plano de ação para maior fluidez dos processos internos. E o mais rico dessa implementação é que ela pode englobar todos os times da empresa.

Se, ao fazer a análise das métricas, identifica-se que demandas consideradas de menor nível de complexidade ficam um tempo muito elevado sob a revisão de uma pessoa colaboradora, podemos entender que ela está sobrecarregada e precisa de reforço ou, até mesmo, que é necessário treinar o time para conseguir finalizar a demanda com maior independência. 

Outro problema percebido por meio da análise de dados foi um alto número de dias estagnados aguardando a assinatura do cliente. Com esse retrato, nosso time jurídico percebeu a necessidade de desenvolver um contrato mais simplificado, como também rever o fluxo de vendas. Ou seja, percebemos que era preciso o desenvolvimento de um produto ou uma ferramenta específica. 

Estes são alguns exemplos de ideias, dentre muitas, para demonstrar como a conjunção de dados e de tecnologia pode nos levar a conclusões importantes que poderiam passar despercebidas e, mais do que isso, como esses dados podem trazer ideias e inovações disruptivas. Por isso, meça, teste e valide, seja usando os dados no início ou no fim do processo.

Não há fórmula matemática mágica nem uma ordem exata para a utilização desses fatores. Cada caso prático tem sua peculiaridade e é necessário que a coleta dessas informações seja realizada de forma fiel para que não tenhamos um retrato irreal do cenário.

O empoderamento de dados transmite às pessoas colaboradoras, gerentes e societárias maior autonomia e assertividade para lidar com as mais diversas situações e, consequentemente, tomar ações e decisões com maior precisão, reduzindo consideravelmente a margem de erro e possibilitando enormes transformações. Portanto, uma vez implementada essa cultura data driven na empresa, é visível o seu benefício.

 

Leitura complementar

Para quem quiser mergulhar ainda mais nesse tema, seguem algumas indicações de leitura, em português e inglês:

CRÉDITOS

Autora

Júlia Alvarenga é assistente jurídica da Winnin. Tem atuação focada na frente de proteção e privacidade de dados pessoais e compliance. Entusiasta pela área de dados, acredita que os dados já são a moeda do mundo contemporâneo e que precisamos ter consciência de como manuseá-los, na sua generalidade, para nosso benefício e proteção.

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Revisora

Stephanie Kim Abe é jornalista, formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Trabalha na área de Educação e no terceiro setor. Esteve nos primórdios da Programaria, mas testou as águas da programação e achou que não era a sua praia. Mas isso foi antes do curso Eu Programo

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Este conteúdo faz parte da PrograMaria Sprint Área de dados.

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