Dicas para você perder o receio de submeter uma call4papers e outras para você mandar bem quando for preparar uma

Tanto para quem submete uma proposta, quanto para quem a formula, uma call4papers bem feita é a chave para que bons eventos ocorram. Por um lado, é ela que vai ajudar quem quer participar identificar se o evento se encaixa em seu tema (ou como fazer seu tema se encaixar naquele evento). Do outro, servirá, para quem seleciona as propostas, para identificar as palestras que chamarão atenção do público-alvo do evento. Reuni aqui algumas dicas para as duas situações. Vamos lá!

 

COMO DESTACAR SUA PROPOSTA DE PALESTRA

O primeiro passo para vivenciar a experiência de dar uma palestra é conseguir com que ela seja selecionada para um evento. Separei algumas dicas, baseadas na minha experiência, que podem ajudar sua proposta a chamar atenção de quem faz a seleção:

Mande uma proposta que seja adequada ao evento

Existem diferentes categorias de eventos: acadêmicos, mais práticos/empresariais, focados em técnicas ou em aplicações, para iniciantes ou para experts. Você deve conhecer o foco e o público do evento e se certificar de que a sua proposta se encaixa em ambos os aspectos, antes de enviá-la. Isso tanto em questão de linguagem quanto de conteúdo. No caso de um evento mais descontraído, não envie uma proposta em uma linguagem acadêmica e cheia de termos muito técnicos: adapte a linguagem (e a mesma coisa vale para a apresentação em si). Em um evento voltado para experts, o esperado são inovações sejam em técnicas ou aplicações. Então, se a sua proposta é sobre algo já consolidado, é recomendado procurar um evento com um foco diferente.

 

Escolha um título chamativo

Essa é a parte mais difícil e, também, a mais importante, afinal o título é a primeira coisa que será vista, seja por quem está selecionando ou por quem irá assistir. Não existe dica de ouro nesse caso. Eu mesma sempre fico em dúvida e acabo deixando para o final do form, depois que conclui o resumo mas algumas coisas ajudam, como descobrir por que você gostaria de assistir a sua palestra: é pela técnica inovadora? A aplicação que chama a atenção? É a tecnologia que você está usando? Seja o que for, dê destaque a isso no título para que fique claro de cara o que você quer mostrar. Algumas pessoas também gostam de fazer jogo de palavras. Eu sou péssima nisso, mas se para você for tranquilo, use! E, não escreva algo muito longo, a ideia é que você consiga transmitir o que quer apresentar, de forma clara e sucinta, com o título. 

 

Escreva um resumo que se venda

O título é a primeira etapa. A partir daí, a pessoa tem que ler o seu resumo e praticamente se autoconvencer de que quer ver a sua palestra. De novo, é muito útil pensar nos motivos pelos quais você gostaria de assistir a sua palestra. Tente resumir o que irá falar focando nas partes mais interessantes. O uso de tópicos e pontos-chave ajuda. Se você tiver experiência em pitch, pense no resumo da sua palestra como um pitch no qual você provará a relevância da sua apresentação. 

 

Não prometa o que não irá cumprir

Se você está mandando uma proposta de uma palestra que ainda não está finalizada, tome cuidado, ao escrever o resumo, com o que promete apresentar. Isso porque se você destacar itens que pensa colocar, mas que perderem o sentido ao você montar a palestra e você não querer abordar, sua apresentação estará fugindo daquilo que as pessoas esperam ouvir. Além de decepcionar as pessoas que irão te assistir, isso pode gerar uma má avaliação pela equipe do evento, reduzindo suas chances de participar em outras edições. Nesse caso, é melhor optar por uma descrição mais genérica.

 

Destaque você

A maioria das call4papers também tem uma parte de biografia, que irá para o site do evento caso sua palestra seja aprovada, mas ela também faz parte da seleção. Considere que, se você está enviando essa proposta, é porque chegou ao ponto de ter esse conhecimento. Então, destaque as suas conquistas: formação, experiências, participação em comunidades e outros grupos. Tudo o que você achar relevante para o evento, público e tema que está propondo. 

COMO FAZER UMA BOA CALL4PAPERS 

Quem se envolve com a organização de um evento sabe que a melhor estratégia para atrair um bom público é contar com uma boa grade de assuntos e de palestrantes. Por isso, vale a pena se dedicar a fazer uma boa call4papers, pensada de forma a identificar as palestras que mais se aproximam do objetivo do evento. 

 

Prepare um boa descrição

O primeiro ponto é deixar claro como você espera que seja a apresentação e para quem. Assim, as palestras enviadas serão mais objetivas e fáceis de selecionar. Além disso, a pessoa que se candidata à participação se sente mais segura, tendo certeza de que o evento em questão é do tipo para o qual deseja apresentar sua palestra. Por isso, descreva claramente o que será o evento, qual seu formato, público esperado (se for mais de um perfil de público, possibilite que o palestrante escolha seu público no formulário de envio de palestra), o tempo de apresentação, o objetivo e tudo aquilo que você achar necessário para dar clareza para quem está enviando a proposta.

 

Formule perguntas objetivas 

Lembre-se de que você irá receber várias propostas de palestras e, por isso, é importante ter um jeito objetivo de selecioná-las.  Uma dica é formular perguntas bem diretas e específicas para quem vai submeter a proposta. Além do título, resumo e minibiografia, você pode solicitar que sejam listados: tópicos abordados; público-alvo e nível de conhecimento do público-alvo (se iniciantes no tema ou especializados, por exemplo);  tipo de apresentação (case, palestra técnica, tutorial etc.); subtemas (na área de dados, por exemplo, a palestra pode ser de engenharia de dados, ciência de dados, análise de dados);  formato da apresentação (ppt, live coding etc.); e outras perguntas que facilitem a seleção de palestras mais adequadas para o seu evento.

 

Aposte na diversidade

Um evento diverso é sempre mais agradável e acolhedor. Por isso, inclua no formulário de submissão, questões como sexo, etnia e identificação de gênero, explicando que o objetivo das perguntas é procurar garantir a diversidade. 

 

Não peça informações demais ou indevidas

Parece óbvio, mas pedir, por exemplo, endereço do palestrante, data de nascimento ou documentos é inadequado. A não ser que você tenha um motivo claro para isso, não o faça.

 

Atenção aos prazos

Deixe um prazo longo para inscrição. Algumas pessoas vão saber sobre o seu evento, avaliar se conseguem preparar material ou adequar os já existentes antes de submeter. Por isso, deixe um tempo suficiente para que elas possam tomar essa decisão com calma. Sugiro ao menos 1 mês de inscrição. E estabeleça um tempo ainda maior, após o prazo final de inscrições, para que você responda se a proposta foi aceita ou não. Lembre-se de que será necessário avaliar e selecionar todas as propostas e isso dá trabalho. Reserve um tempo fazer isso com calma, bem feito e para também conseguir responder a quem enviou a proposta se ela foi selecionada ou não. Fica mais fácil se você tiver critérios de avaliação com notas, se for o caso é possível já ir avaliando as palestras a medida que elas chegam, pois no final seria apenas ordenar e fazer uma rápida reavaliação das palestras.

 

Invista em uma boa divulgação

Depois que tudo está bem definido, é hora de divulgar a call4papers. Divulgue nas redes de acordo com o público-alvo que você está esperando para o seu evento. Se você está organizando um evento focado em mulheres, por exemplo, divulgue em grupos em que elas são o foco. Há vários, para quase qualquer área da tecnologia. Este é mais um momento para reforçar a busca por diversidade, então, procure divulgar em grupos em a diversidade de público esteja presente.

 

Jéssica Santos Lead Data Scientist / NeuralMed

Mestre em Sistemas de Informação com linha de pesquisa em Sistemas Inteligentes. Seu projeto foi construir um sistema para auxiliar na identificação de autismo utilizando Modelos de Atenção Visual baseados em Reconhecimento de Padrões. Trabalhou como Cientista de Dados em empresas do ramo financeiro, imobiliário. Atualmente atua no segmento de saúde na NeuralMed, onde utiliza Deep Learning para auxiliar a detecção de patologias em imagens médicas. Jéssica também dá aulas em bootcamps e participa de projetos para encorajar mulheres na carreira de Ciência de Dados, como o Women in Data Science (WiDS). É curadora da trilha de Machine Learning da QCon SP desse ano, um dos maiores eventos de tecnologia que ocorre em 7 cidades do mundo.

Redes sociais: LinkedIn