Já pensou em mentorar, mas não sabe como? Quer ser uma pessoa mentorada e entender como isso funciona e pode ajudar na sua carreira? Saiba tudo sobre o que é, como funciona e para quem serve a mentoria técnica aqui
A melhor maneira de sintetizar conhecimentos é compartilhando-os. Isso pode ser feito de diversas formas: artigos (como este), palestras, lives, podcasts e muito mais. Hoje eu vim te contar sobre o maravilhoso mundo das mentorias. Este é um dos meus assuntos favoritos, pois já fui mentorada e foi graças à diferença que isso fez na minha vida que me tornei mentora. E, recentemente (dia 01 de julho), recebi a notícia de que minha pupila conseguiu uma vaga de emprego! Poder fazer a diferença na vida de alguém é uma sensação indescritível – e é por isso que esse assunto é tão importante.
Confira abaixo tudo o que você precisa saber sobre mentoria!
O que é mentoria?
Primeiro, uma pequena definição: mentoria é um direcionamento, feito de uma pessoa mentora – que possui propriedade, conhecimento e/ou experiência em algum tema/tópico – para uma pessoa mentorada, que tem interesse em adquirir, aprender e/ou evoluir no tema em questão.
Assim, uma pessoa mentora é alguém que te ajuda a alcançar um determinado objetivo, como uma vaga de emprego ou a transição para a área de tecnologia, no caso da nossa realidade.
Tive minha primeira mentoria no dia 31 de março de 2018. Na época, eu estava no segundo ano do curso de Computação, trabalhava com Java em um instituto de pesquisas da minha cidade, e a única certeza absoluta que tinha na vida era que não queria ser back-end. Meu foco era migrar para dados, mas não fazia ideia se aquilo daria certo. Minha mentora na época, Annelise Gripp, me ajudou a entender como eu poderia traçar esse caminho e seguir meu sonho. Funcionou: fizemos um planejamento, colocamos em prática e, em agosto daquele mesmo ano, mudei oficialmente para a área de Ciência de Dados.
Elas servem para quem?
Basicamente, mentorias servem para qualquer pessoa que esteja disposta a participar desse processo.
Se você:
- Deseja ingressar em tecnologia (ou áreas correlatas) e não sabe por onde começar;
- Quer mudar de área, mas sente-se insegura;
- Tem vontade de se aventurar em algo diferente;
- Possui vontade de aprender mais sobre um determinado assunto — por exemplo, liderança;
- Está procurando uma oportunidade de trabalho e sente dificuldade em se preparar para as entrevistas;
- Quer saber como é trabalhar numa determinada empresa, como a Google;
- Tem interesse em entender como funciona uma área em específico — por exemplo, Developer Experience (ou “Pessoa responsável pela Experiência da Pessoa Desenvolvedora”);
Então, ter mentoria com alguém pode ser um ótimo caminho.
Ou, caso você queira:
- Compartilhar seus conhecimentos e ajudar outras pessoas a não passarem pelo o que você passou;
- Promover um retorno para a comunidade;
- Gerar impacto no ecossistema;
- Mudar vidas;
- Trabalhar a escuta ativa;
- Exercitar cada vez mais a empatia;
- Ajudar com orientação e conselhos;
- Construir laços duradouros;
- Ter contato com diferentes pessoas, vivências e realidades;
- Ampliar a sua rede de networking;
- Furar o seu círculo de pessoas;
Ser mentora de alguém pode ser sua pegada! Se joguem! 🙂
Como funciona uma mentoria técnica?
Esse processo consiste em trocas, feitas entre as pessoas mentora e mentorada, que ajudam a compreender o objetivo a ser atingido e como ele pode ser alcançado.
Não há uma única maneira de realizá-lo, mas, geralmente, as pessoas se reúnem, presencial ou virtualmente, e conversam sobre quais são os objetivos da pessoa mentorada e se a pessoa mentora possui expertise para ajudá-la nesses objetivos. É muito importante que essa clareza exista, para que a pessoa mentora consiga orientar da melhor forma possível — e também para que a pessoa mentorada não se sinta frustrada ou perdida.
Além disso, costumamos nos atentar aos seguintes pontos básicos:
– Formato e frequência: os encontros ocorrerão de forma síncrona ou assíncrona? Presencial ou remota? Com qual frequência? Fazer esse alinhamento de expectativa é necessário para que todes entendam o nível de comprometimento e tempo exigido.
– Remuneração: a mentoria será gratuita ou não? Se a pessoa mentora for uma coach profissional, por exemplo, a mentoria provavelmente irá se enquadrar como paga.
– Nível: a pessoa mentorada é iniciante ou mais avançada? Qual é o nível de conhecimento dela e até que grau de profundidade nos assuntos ela pode ir?
– Planejamento: os objetivos estão elencados de acordo com a meta definida? Não é necessário colocar um prazo final, mas é importante estimar o tempo esperado para cada ação sair do papel.
De que maneira é possível treinar para a mentoria?
Há quem diga que não é necessário nenhuma técnica para dar/receber uma mentoria, mas particularmente eu discordo. Tanto a pessoa mentora como a mentorada podem realizar pequenas ações que vão fazer muita diferença no aproveitamento da experiência:
– Tirem um tempo da semana (ou mês, dependendo de como foi acordado) para preparar materiais, fazer exercícios, pesquisar sobre o assunto que foi passado na mentoria (ou se inteirar do assunto do próximo encontro).
– Se puderem, combinem possíveis entregáveis. Trabalhar com pequenas entregas de coisas táteis torna o processo claro e a evolução visível.
– Sejam transparentes e responsáveis. Quando não puderem participar, tiverem um imprevisto e não conseguirem realizar a entrega ou participar do encontro, tentem avisar o mais rápido que der. A vida acontece e tá tudo bem, só não é legal deixar a outra pessoa esperando sem ser avisada.
É importante entender que, a partir do momento em que vocês estão em uma mentoria, o aprendizado é como uma via de mão dupla: ambas as pessoas ganham e se desenvolvem com o processo. Por isso, não deixe de se dedicar para que ele seja proveitoso ao máximo.
Além das dicas acima, elenco outras abaixo que servem especificamente para cada uma das partes envolvidas.
Para a pessoa mentora:
– Há quem diga que a escuta ativa é a melhor forma de acolhimento que existe, e eu concordo. Por isso, pratique muito o ouvir, e não faça comparações das vivências da outra pessoa com as suas. Cada uma tem as suas realidades e isso deve ser respeitado.
– Estude sobre metodologia de ensino e modelo andragógico, que é a arte de orientar adultos a aprender. Essa ferramenta é muito utilizada para auxiliar pessoas adultas em seus processos de aprendizagem, e pode te ajudar a tornar a mentoria muito mais proveitosa.
– Apesar de a mentoria ser técnica, ela não deve ignorar soft skills: elas são super importantes para que as pessoas mentoradas possam atingir suas metas. Entenda com elas como está o desenvolvimento desse tópico e, caso necessário, indique materiais de apoio e exercícios que trabalhem habilidades como escrita, empatia, comunicação, resiliência, organização, planejamento, colaboração, flexibilidade etc.
– A mentoria necessita de material de apoio, como livros, podcasts, palestras etc? Qual é o acesso da minha pessoa mentorada a esses materiais, e como eu posso torná-los mais acessíveis a ela?
– Cada pessoa é única, isso é fato. Exatamente por este motivo, é bacana ter em mente que o formato de mentoria que funcionou para uma pessoa não necessariamente irá funcionar para outra. Cada experiência acontece de uma forma, e isso não significa que exista uma melhor ou pior – mas sim que elas devem ser flexíveis e adaptáveis à pessoa mentorada.
Para a pessoa mentorada:
– Tenha claro qual é o seu objetivo. Muitas vezes isso pode parecer difícil ou até impossível dependendo do contexto, mas é extremamente necessário para que a pessoa mentora consiga te direcionar com maior assertividade.
– Mentorias não substituem outras formas de conhecimento. Você ainda vai precisar estudar e adquirir conhecimento por outras vias — seja através de cursos, livros ou qualquer outro tipo de material. Sua pessoa mentora pode te ajudar te direcionando a esses conteúdos.
– Não espere sua pessoa mentora correr atrás das coisas por você — peça direcionamento, mas busque também por conta própria. Ter iniciativa é super legal e é também uma forma de mostrar que você está interessade no processo.
Na prática
Vou te contar um pouco de como funciona o processo das mentorias em que estive — e, olha, foram muitas! Não consigo contar nos dedos a quantidade de vezes que participei de um processo desse.
Para dividir esses insights com vocês, separei essas experiências em dois casos: quando eu fui mentora e quando fui mentorada.
Mentorias em que estive como mentora
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Mentorias em que fui mentorada
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Hora de colocar essa mentoria pra jogo!
Agora que você já sabe tudo o que precisa saber, da teoria às dicas práticas, vamos fazer um exercício – e vou direcioná-lo para cada um dos grupos. Então já separa papel e caneta para responder as perguntinhas abaixo!
Vale lembrar que aqui não tem resposta certa ou errada, pois são apenas questionamentos para te direcionar e ajudar a entender se a mentoria faz sentido ou não para você.
“Poxa, eu não sei o que responder, e agora?” Não tem problema! O importante é você ter conhecimento de que o recurso da mentoria existe, mas ele não necessariamente será aplicável para você nesse momento – e é essencial respeitar isso.
Se você procura uma mentoria, reflita sobre as seguintes perguntas:
- Você tem vontade de migrar de área?
- Qual assunto você tem vontade de aprender?
- Conhece alguém que domina esse assunto?
- Se sim, já pensou na possibilidade de pedir uma mentoria para essa pessoa?
- Se não, já tentou buscar por pessoas que são referências no assunto?
- Você acredita que aprender/desenvolver esse tópico vai te ajudar em algo?
- Já parou pra pensar que uma mentoria pode mudar a sua vida?
Se você quer ser uma mentora, vale pensar sobre as questões abaixo:
- Você tem vontade de compartilhar conhecimento?
- Qual assunto você tem vontade de falar sobre?
- Conhece alguém que tenha interesse em aprender sobre esse tópico?
- Se sim, já pensou na possibilidade de mentorar essa pessoa?
- Se não, já pensou que a sua mentoria pode mudar a vida de alguém?
Não sei como encontrar / divulgar mentorias! E agora?
Seguem as dicas para conseguir a mentoria de milhões!
– Defina os objetivos que você deseja alcançar oferecendo ou buscando mentoria.
– Busque referências de pessoas que já tenham passado por esse processo, e questione como foi a experiência delas.
– Procure espaços seguros e amigáveis, onde você se sinta confortável em compartilhar suas dúvidas, medos e anseios. O servidor da Programaria no Discord é um exemplo disso ( <3 ) e você pode utilizá-lo para divulgar a sua busca — além de fazer amigues, muito networking e ter acesso a conteúdos incríveis da comunidade.
– Utilize as redes sociais e grupos de comunidades — no Telegram, Facebook, WhatsApp ou Twitter — para divulgar a sua busca, seja por uma pessoa mentora ou por uma oportunidade de mentoria.
– Se jogue! É super importante que você esteja de coração aberto para essa experiência, e acreditar que ela vai ser incrível, independentemente de surgir rápido ou não!
A última dica, que é a mais preciosa de todas, segue abaixo: uma lista incrível de pessoas que podem te ajudar nessa jornada dentro da tecnologia! Mesmo que elas não estejam fazendo mentorias, podem te direcionar com referências e conteúdo.
Aproveitem!
Nome de usuário no Twitter | Área de atuação (especialidade) |
@sra_allmeida | DevOps/Infra |
@marilene_tw | Qualidade e Testes |
@DaniMonteiroDBA | Dados |
@ninadhora | IA e vieses |
@melissawm | Python |
@psanrosa13 | Java |
@crisguade | Elixir |
@invrse | Javascript (Front-end) |
@anaahelena @glaucia_lemos86 |
Javascript (Back-end) |
@nikellyss | Segurança da informação |
@juuh42dias @camposmilaa@sarahlima_rb |
Ruby |
@BeaMilz | R |
@ellenkorbes | Go |
@techlys | iOS |
@morgannadev @lissatransborda@M_Manu_Manu |
Kotlin |
@sandyaraperes | UX/Acessibilidade |
@eularaantunes | Liderança de pessoas |
E se você precisar de ajuda para encontrar alguém de um tópico que não está na lista ou quiser trocar uma ideia sobre mentoria, é só me mandar uma mensagem para mim no Twitter (@dii_lua). Vou ficar super feliz em te conhecer!
Um beijo!
Autora Letícia Silva, mais conhecida como Aumentativo de Helena, é gerente de engenharia na Z1, developer experience, cientista de dados, professora, podcaster, mentora e fundadora do Dados de Julieta. É mãe de gatos, dançarina oficial dos eventos de tecnologia, e palestrinha nas horas vagas. Apoia comunidades tech desde 2015, e organiza o Django Girls, PyLadies e GruPy de São José dos Campos. Revisora Stephanie Kim Abe é jornalista, formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Trabalha na área de Educação e no terceiro setor. Esteve nos primórdios da Programaria, mas testou as águas da programação e achou que não era a sua praia. Mas isso foi antes do curso Eu Programo…
Este conteúdo faz parte da PrograMaria Sprint Tech Leads.
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